domingo, 19 de dezembro de 2010
Talvez o tempo não seja suficiente pra nós dois. Mesmo que todo o tempo do mundo seja gasto nessa esperança de esquecer todas as coisas que vivemos, ainda assim nós não esqueceríamos, mas como minha mãe sempre diz: "O que não tem remédio, remediado está." Enquanto você dorme, eu penso na sua voz, penso nas coisas que eu deveria ter dito antes de você partir, em como as coisas nos tornaram tão diferentes agora, mas em como as minhas mãos na sua cintura ainda é algo tão natural. Há um intervalo na nossa dor, depois de um tempo ela some, parece dormir, mas quando acorda aperta o peito como se tivesse acabado de nascer. O afastamento seria vão, talvez. Mas ás vezes eu quero não te ver, quero te deixar bem longe a todo custo, e correr pra qualquer lugar o mais longe possível de você e de todas as coisas que te cercam. Mas quando me afasto, você continua em mim, nas coisas que eu olho, no gosto das coisas, no cheiro de tudo. Eu não sei o que eu sinto. Mas é qualquer coisa parecida com a sensação de um quarto escuro e desconhecido, vou tropeçando nas coisas, batendo em armários, não consigo me localizar, ou achar um lugar confortável pra dormir. É fato que sinto sua falta, mas não é falta só de você, é falta de como nós éramos, de como pra nós era mais fácil. Acho que é melhor ir dormir, já está tarde, preciso sonhar com um lugar mais claro, menos vazio.