domingo, 18 de julho de 2010
Ela não conseguiu enxergar o que deveria, e -quase- sem querer deixou que a calma se fizesse boa, então me deixou passar mais uma vez. E outra vez entenderia em algum momento, que força alguma precisaria ser feita para ser vista, já que ninguém fica completamente imune a um sentimento como o amor. E eu a esperei todos os dias, com os olhos inundados de esperança, e as mãos rodeando versos em um caderno amarelado. Desenhando a nudez explicita do seu corpo, branco e ingênuo, os seus olhos cheios do céu, e os seus longos cabelos ensolarados. Eu não a deixaria partir dessa vez, não sem me olhar, mesmo que a rua estivesse tomada de rostos desconhecidos, eu gritaria teu nome. E outra vez ela me olhou, e me cercou de medo uma vez mais, como se nos conhecessemos sem conhecer, como um idioma que não sei pronunciar, mas sei ouvir, consigo entender. Os azuis dos teus olhos não me deixam mentir, paralizam o céu ao redor. Me traga todo dia sem sentir, enche os pulmões, depois sopra, se desfaz da fumaça, se desliga de mim. A minha magoa não é por não te ter, mas é por não saber se tenho de fato ou não, tudo que sei são o que dizem teus amigos e os meus, sobre teus medos e os teus palpites fora do alcance das minhas mãos. Eu sonhei com você todos os dias durante anos, mesmo sem te conhecer. Não vou sonhar com você essa noite. Essa noite eu não vou dormir.
retalhos, uma vez mais