segunda-feira, 14 de junho de 2010

"O espetáculo terminou, as pessoas do camarote saíram; e ela, levantando sobre o chapéu o capuz de seu manto, acompanhou-as lentamente.
Depois fingindo que se tinha esquecido de alguma coisa, tornou a entrar no camarote e estendeu-me a mão.
- Não saberá nunca o que me fez sofrer, disse-me com a voz trêmula.
Não pude ver-lhe o rosto; fugiu, deixando-me o seu lenço impregnado desse mesmo perfume de sândalo e todo molhado de lágrimas ainda quentes.
Quis segui-la; mas ela fez um gesto tão suplicante que não tive ânimo de desobedecer-lhe.
Estava como dantes; não a conhecia, não sabia nada a seu respeito; porém ao menos possuía alguma coisa dela; o seu lenço era para mim uma relíquia sagrada."


do livro 5 Minutos - José de Alencar