
Eu posso arranjar algum motivo pra te ligar, contar qualquer besteira sobre o meu dia, ou sobre coisas insignificantes. Coisas insignificantes tão cheias de significado, é meio estranho né? Achar os trejeitos, os bocejos, os abraços, os passos, tudo milimétricamente calculado para ser perfeito na imperfeição, e te agradar, e te encher de algo novo, algo que agora é teu, teu para guardar, para apertar, para amassar, para qualquer coisa, mas teu. A inquietude do peito ao se recostar, os pelos que se arrepiam ao susurrar qualquer palavra, qualquer coisa, qualquer respiração aquece, qualquer beijo entorpece, qualque vento trás medo, medo de derrubar sonhos que começaram a nascer, sonhos que moram em corações agora unidos. Eu quero o desasocego do seu socego em mim, e ter medo quando você desligar o telefone sem dizer que me ama, medo de você sumir durante um dia inteiro, medo de soltar as suas mãos das minhas, medo de te testar e perder o jogo, medo de me esconder e você não notar que eu não estou aí. Eu quero as coisas que te agradam, e as coisas que nem importam, mas você finge gostar pra eu fingir gostar também, eu quero o abismo que é teu abraço, o abraço calado que você sempre encontra, o afago das mãos que são tuas. Você desembola as fitas que prendem as coisas dentro de mim, você embola meus pensamentos só pra ter o gosto de consertar depois, você me acompanha noite e dia, e vive escondida entre as coisas mais lindas que existem pra mim, as coisas agora são bonitas só quando você as acha bonita, quando não acha, não são bonitas pra mim, a paciencia que os seus olhos me trazem, a quietude que teu colo me oferece, a vida que se renova todo dia no seu sorriso, a certeza de que meus olhos agora são teus. Só teus.