Amada minha;
Seguirá assim quase totalmente muda a minha voz, presa entre as suas mãos, que tapam os gritos ríspidos e rígidos do meu peito. Traço assim, essas letras mal feitas, pois de qualquer maneira mesmo que rasgues, vais ler. Quando chegar o verão, vai te lembrar do inverno em que me conheceu, do frio em que me aqueceu, e das vezes que chorou pela palavra adeus. Vais lembrar do chá que fiz pra te acalmar, do bolo, da mesa e do jantar, de tudo que escrevo e escrevi. Da roupa que eu mais gosto quando usas, do batom vermelho na minha blusa, das flores que jogastes fora, de quando me mandava embora, das cartas que nunca escrevi. Eu era só um rapaz muito jovem, cheio de sonhos nobres que um dia você esqueceu, pena que tudo morreu, e morreu assim, dentro de mim. Minha Marilía, adeus.
Carta à Marília.
personagens ficticios.
*Marília
*Eu-lírico (oculto)
;por paula gomes.