sexta-feira, 6 de março de 2009

As horas corriam, na mesma velocidade do sangue em suas veias. Ela só escutava os próprios passos no chão de pedra da rua aurora, estava chovendo, ela conseguia ouvir as crianças brincando no jardim em seus pensamentos, e em alguns minutos ela estava na estação. Seus olhos repousavam quase imóveis em objetos pouco interessantes, quando alguém lhe olhava os olhos, ela sorria.
O trem havia chegado, e junto com ele um medo latejante de ser feliz. Seu vestido estava molhado pela chuva, e seus sapatos estavam lhe matando os pés, ela se levantou e caminhou um pouco até que todas as pessoas entrassem no trem, ela se lembrou de tudo que tinha vivido até então, do almoço que fez pra família, do seu marido falando sempre das mesmas coisas. Um senhor a parou os pensamentos.

- A senhora não vai entrar? O trem esta quase partindo.

Ela parou, o olhou nos olhos, teve medo, teve duvida, teve medo outra vez. - Vou no próximo, disse sorrindo. O próximo chegaria daqui duas horas.
Ela saiu da estação, correu entre as pessoas, as horas e os dias pareciam parar, ela não sentia nem a chuva sobre a pele branca e macia. Entrou correndo em casa, beijou os filhos. O marido perguntou onde ela estava.

- Fui pensar um pouco.

Tomou um longo banho, se deitou ao lado do marido imóvel. A janela estava aberta, o trem estava indo embora, levando com ele todos os sonhos daquela mulher.